Assisti ao Roda Viva essa noite e fiquei de cabelo em pé!
Fiquei passada com a miopía e da falta de conhecimento da imprensa do papel de um departamento de comunicação corporativa de uma empresa. Todo esse bafafá em torno do novo blog da Petrobrás, onde eles tomaram a liberdade de publicar para seus públicos interessados todos os dados e notas oficiais que envia à imprensa como sugestão de pauta ou atendimento de pauta, mostrou claramente aquilo que o Professor Clóvis de Barros Filho defendeu na sua tese de Livre Docência na ECA-USP em 2007: o profissional jornalista acredita que ele é realmente um relator imparcial e exclusivo da verdade para a população e o profissional de Relações públicas é o grande protetor da transparência.
A verdade é que nosso atual contexto, e eu me refiro à algumas décadas, mostrou que jamais a imprensa foi a única fonte de informação de públicos interessados, quando um público (clica no link pq ele te leva para o post onde eu publiquei exatamente qual é a definição de público que a teoria de relações públicas usa e que eu adoto aqui no Gaveta) é ativo ele não aguarda a publicação dos dados no jornal, ele vai de encontro com a causa de sua problemática, portanto é óbvio a partir daí um profissional de relações públicas vê a oportunidade de criar um canal de comunicação direto com estes para minimizar ou ao menos escutar e se posicionar quando à situação apresentada (ou não, é arbitrário apesar da boas práticas). Alias, qualquer instituição tem total direito e liberdade de criar canais de comunicação para falar com seus públicos sempre que achar necessário
E ai vem o papel do profissional de RP, ele não tem a função de ser transparente, ele tem sim a função de tomar a decisão e montar a estratégia de como a empresa irá se posicionar frente a um questionamento, frente a uma opinião. E se ele é ativo, ele não é só transparente, ele é uma voz.
Os jornalistas de veículos tradicionais chocaram-se ao descobrir que eles são os únicos interlocutores da instituição (Até parece que eles nem perceberam de acabamos de fechar um dos maiores jornais do país semana passada). E a Petrobrás finalmente deu o 1º grande passo para o entendimento que seus públicos de interesse hoje tem acesso e faz uso pleno de n outro canais de comunicação para saber sobre a empresa e está sendo visionária ao preparar-se para as próximas gerações tem como fonte de informação uma tela branca com uma caixa de busca.
Mas, ao adotar uma postura defensiva, de confronto, (que o blog da Petrobras claramente tem), o departamento de comunicação da empresa não está criando novos problemas com os jornais? Apesar de cada vez mais obsoletos, eles ainda têm SIM grande relevância para a formação de opinião acerca dos trabalhos da estatal.
Havia outro modo de levar o blog adiante sem enfurecê-los. Publicar as perguntas e respostas assim que a matéria em questão ganhasse as ruas, por exemplo. Concordo com o Pedro Dória: isso não é ilegal nem antiético; é só má assessoria de imprensa.
http://pedrodoria.com.br/2009/06/08/a-petrobras-e-a-imprensa-golpista/
OI Diego, conforme eu te respodi no twitter, acredito que pelo contexto atual ele tenha este cunho, mas a longo prazo vamos ter sim um bom canal com o público (por mais que tenha nascido a fórceps agora).
O que realmente esá obcuro na estratégia o blog é a questão do timming da publicação mesmo. A Thiane da Edelman hoje deu uma opinião bem bacana sobre o assunto: http://www.expressaodeideias.com.br/petrobras-a-polemica-do-blog-que-nao-e-blog
Além disso, sobre o relacionamento com a imprensa no contexto do 2.0, já escrevi sobre o assunto uma vez aqui.
abs
[…] Sylvia Ferrari Rogério Christofoletti Daniel Miura Expressão de Idéias Sergio Leo Pedro Doria Luis Nassif Idelber Avelar Claudio Abramo […]